faltam 4 dias

Réu do caso Kiss, Marcelo de Jesus dos Santos passa a maior parte do tempo em casa

Leonardo Catto

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Jean Pimentel (Arquivo/Diário)
Marcelo de Jesus dos Santos em audiência em Santa Maria no ano de 2015

A quatro dias para o começo do júri do caso Kiss, os quatro réus do processo adotam diferentes medidas diante da exposição. A reportagem do Diário tentou contato com as defesas de Elissandro Spohr (o Kiko), Mauro Hoffmann, sócios da boate, e Marcelo de Jesus e Luciano Bonilha Leão, integrante e roadie da banda Gurizada Fandangueira, que tocava na Kiss na madrugada do incêndio.


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Marcelo foi orientado pela própria defesa a não se manifestar antes do júri, mas a advogada dele, Tatiana Borsa, concedeu entrevista. O ex-vocalista da banda que tocava na Kiss no momento do incêndio é acusado por ter segurado o equipamento que começou o incêndio. Aos 41 anos, ele vive na mesma casa, em Santa Maria, com a esposa e as duas filhas.

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Além de músico, Marcelo atuava como azulejista. A profissão seguiu depois de janeiro de 2013. No ano passado, porém, contraiu Covid-19 em julho e ficou 30 dias internado. A condição respiratória, desde o incêndio, é comprometida devido à fumaça. Com a doença, ficou debilitado e manteve a fisioterapia até então. Marcelo diz que já tomou as duas doses da vacina contra a doença.

Segundo a advogada Tatiana Borsa, que o representa no caso atualmente, ele passa os dias em casa e sai apenas para ir à fisioterapia e compromissos médicos. Na residência, faz os serviços domésticos.

- Ele não andou mais no Calçadão de Santa Maria. Nunca mais foi. O Marcelo não sai sozinho. Nunca foi agredido ou ameaçado por alguém na rua. Pelo contrário, quando as pessoas reconhecem ele, uma mãe, inclusive, pediu para dar um abraço nele. Compreendem a posição dele de músico - conta a advogada.

A reportagem tentou contato diretamente com Marcelo. Ele disse que não daria entrevista por escolha e orientação da defesa. O réu contou, ainda, que concedeu uma entrevista no último mês, mas contrariado, e que quer focar só no processo. A postura é reforçada também pela procuradora do réu.

- Prestes a chegar ao júri, a gente tem se falado todos os dias. Mais de uma vez por dia. Na expectativa de acontecer esse júri. É só isso que ele quer. Ele me diz: "doutora, a minha vida parou" - relata Tatiana.

Além de Luciano, Marcelo é o único dos réus que permaneceu em Santa Maria. Apesar de evitar o contato com o "mundo externo", ele ainda mantém redes sociais. Conforme a advogada, o réu tenta se afastar, ainda que monitore alguns comentários de internautas sobre a tragédia:

- Ele se mantém mais afastado. Ele olha, mas evita. Agora, é uma sugestão que eu dei: "Se tiver que olhar, liga para mim". Ele não se vitimiza, mas sente a dor dos pais.

O que Marcelo relata à advogada é que já se sente sentenciado. Mesmo assim, ele torce para que o júri chegue logo.

- O Marcelo está com a expectativa de acabar isso. Para ele voltar a viver e ter uma vida. Ele diz: "As pessoas acham que, condenando, vai passar isso. Eu já estou condenado. Sempre vou ser o Marcelo da Kiss". Ele diz que dorme e acorda pensando nisso. Ele diz: "Eu estou morto. Entendo os pais porque eu sou pai". Ele diz que nem dorme, que só vai acabar quando acabar o júri - relata.

O argumento da defesa é semelhante ao dito pelos demais réus. Eles atribuem a responsabilidade aos órgãos públicos. Diferentemente do que disse Luciano, porém, a representante de Marcelo isenta os donos da boate:

- Eu acho que foi uma fatalidade. A maior responsabilidade é de quem está acusando. Quem está acusando devia estar no banco dos réus. O poder público devia ter impedido que a casa abrisse. É muito mais fácil acusar "os mais fracos", do que se responsabilizar. A casa não era para estar aberta. Tenho certeza que o Kiko (Elissandro) jamais queria que acontecesse essa tragédia. O Marcelo muito menos.

O CASO
Os quatro réus respondem por homicídio simples (242 vezes consumado, pelo número de mortos; e 636 vezes tentado, número de feridos). Inicialmente, o desaforamento (transferência de local) foi concedido a três dos quatro réus - Elissandro, Mauro e Marcelo. Luciano foi o único que não manifestou interesse na troca (o julgamento chegou a ser marcado em Santa Maria) mas, após o pedido do Ministério Público, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) determinou que ele se juntasse aos demais e os quatro fossem julgados na mesma data.

O julgamento foi transferido para a Capital por decisão da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado. O júri inicia em 1º de dezembro, no Foro Central I.

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